É a limitação em pelo menos duas
das seguintes habilidades: comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação
social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções
acadêmicas, lazer e trabalho.
O termo substituiu "deficiência mental"
em 2004, por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), para evitar
confusões com "doença mental", que é um estado patológico de pessoas
que têm o intelecto igual da média, mas que, por algum problema, acabam
temporariamente sem usá-lo em sua capacidade plena. As causas variam e são
complexas, englobando fatores genéticos, como a síndrome de Down, e ambientais,
como os decorrentes de infecções e uso de drogas na gravidez, dificuldades no
parto, prematuridade, meningite e traumas cranianos.
Os Transtornos Globais de
Desenvolvimento (TGDs), como o autismo, também costumam causar limitações. De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 5% da população
mundial tem alguma deficiência intelectual.
Capacidade Comunicativa e Déficit Intelectual
Outra característica da deficiência intelectual que pode comprometer o aprendizado é a dificuldade de comunicação. A inclusão de músicas, brincadeiras orais, leituras com entonação apropriada, poemas e parlendas ajuda a desenvolver a oralidade. "Parcerias com fonoaudiólogos devem ser sempre buscadas, mas a sala de aula contribui bastante porque, além de verbalizar, eles se motivam ao ver os colegas tentando o mesmo", explica Anna, da Unesp.
A falta de compreensão da função
da escrita como representação da linguagem é outra característica comum que pode comprometer o processo de desenvolvimento e aprendizagem da leitura, escrita, lógica matemática, científica e social.
A imaturidade do sistema neurológico pede
estratégias que servem para o aprendente desenvolver a capacidade de relacionar o
falado com o escrito. Para ajudar, o professor deve enaltecer o uso social da
língua e usar ilustrações e fichas de leitura. O objetivo delas é acostumar o
estudante a relacionar imagens com textos. A elaboração de relatórios sobre o
que está sendo feito também ajuda nas etapas avançadas da alfabetização.
Essa limitação, muitas vezes, camufla a verdadeira causa do problema: a falta de interação. Nos alunos com autismo, por exemplo, a comunicação é rara por falta de interação. É o convívio com os colegas que trará o desenvolvimento do estudante. Para integrá-lo, as dicas são dar o espaço de que ele precisa mantendo sempre um canal aberto para que busque o educador e os colegas.
Para a professora Sumaia Ferreira, da EM José de Calazans, em Belo Horizonte, esse canal com Vinicius Sander, aluno com autismo do 2º ano do Ensino Fundamental, foi feito pela música. O garoto falava poucas palavras e não se aproximava dos demais. Sumaia percebeu que o menino insistia em brincar com as capas de DVDs da sala e com um toca-CD, colocando músicas aleatoriamente. Aos poucos, viu que poderia unir o útil ao agradável, já que essas atividades aproximavam o menino voluntariamente. Como ele passou a se mostrar satisfeito quando os colegas aceitavam bem a música que escolheu, ela flexibilizou o uso do aparelho e passou a incluir músicas relacionadas ao conteúdo. "Vi que ele tem uma memória muito boa e o vocabulário dele cresceu bastante. Por meio dos sons, enturmamos o Vinicius."
Leitura e Escrita no Contexto da Diversidade, Ana Cláudia Lodi. Ed. Mediação.
(Texto adaptado da Revista Nova Escola, julho/ 2010)